9.3.07

Visões de Zé Limeira Sobre o Final do Século XX

Zé Ramalho

Vejo discos de metal
Pairando pelas noites do país
Minhas loucas conclusões nada dizem
Residem nos cabelos de sansão
Ah! Deuses-astronautas me ajudam
A conseguir o meu velo de mercúrio

A imagem milenar
Dos grandes dinossauros que domei
Uma espaçonave é a tua residência
Paciência, mas o éter me chamou
Ah! Sou um panteísta sufocado
Pelas canções do acetato de mercúrio

E os terráqueos conseguiram
Finalmente conquistar
Sua terra mais garrida
Borboletas de acrílico
Puseram suas asas
Num cabide esquisito
Gerou conflito entre as gerações febris

Era um porco chauvinista
Procurado pelo karma
De lançar outro vapor
Cogumelos nucleares
Que iluminam as campinas
Do planeta abissal
No carnaval dos seres brancos e azuis

Foi eleito um faraó
E longas catacumbas perfurei
Pelas plainas do sertão quase quente
Correntes de platina separou
As águas do oceano encantado
Que deus criou
Pelas algas de mercúrio

O meu velo de mercúrio
O acetato de mercúrio
Pelas algas de mercúrio

Agônico – o Canto

Zé Ramalho

Composição: Zé Ramalho

Deixa-me dizer-te o quanto
Eu te quero agora, juro meu amor
Nada me fará temer
Se quando eu te beijo, viro um beija-flor
Todas as palavras ficam
Tão obsoletas quando vou tentar
Algo que contenha a fórmula
Desse desejo louco se queimar
Nossa viagem nunca vai se acabar
Todas mensagens estarão sem afastar
Duas miragens que farão se apagar
Uma imagem num clarão vem acalmar