29.6.05

Os Dez Mandamentos ( Êxodo 20:3-17)


Alguns advogados cristãos – alguns juízes eminentes e estúpidos – disseram e ainda dizem que os Dez Mandamentos são o fundamento da lei.

Nada poderia ser mais absurdo. Muito antes de esses mandamentos serem dados havia códigos legislativos na Índia e no Egito – leis contra o assassinado, o perjúrio, o furto, o adultério e a fraude. Tais leis são tão antigas quanto a sociedade humana; tão antigas quanto o amor à vida; tão antigas quanto a indústria; quanto a noção de prosperidade; quanto o amor humano.

Nos Dez Mandamentos todas as idéias boas são antigas; todas as novas são tolas. Se Jeová fosse civilizado, teria dispensado o mandamento sobre guardar os sábados para o santificar, e em seu lugar diria: “Não escravizarás o teu próximo”. Teria omitido aquele sobre o juramento, e diria: “Não terás senão uma única esposa, e a mulher não terá senão um único marido”. Teria deixado de lado aquele sobre imagens esculpidas, e diria: “Não provocarás guerras de extermínio e não desembainharás tua espada senão em legítima defesa”.

Se Jeová fosse civilizado, quão melhores seriam os Dez Mandamentos.

Tudo que chamamos de progresso – a emancipação do homem, o trabalho, a substituição da pena de morte pela prisão e da prisão pela fiança, a destruição da poligamia, o estabelecimento da liberdade de expressão, os direitos de consciência; em suma, tudo que favoreceu o desenvolvimento da civilização humana; todos os frutos da investigação, da observação, da experimentação e do livre-pensamento; tudo que o homem conquistou em benefício do próprio homem desde o fim da Idade das Trevas – tudo isso prescindiu do Velho Testamento.


Autor: Robert G. Ingersoll (1894)

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